Roedores da espécie 'Cynomys gunnisoni' vivem em 'cidades' bem organizadas com centenas de indivíduos e têm de competir com coelhos, cobras, tarântulas, corujas, texugos e raposas (Foto: BBC)
Pesquisador diz que 'Cynomys gunnisoni' emite sons específicos para alertar sobre predadores diferentes. É o que diz Con Slobodchikoff, que trabalha nos Estados Unidos e vem estudando há muito tempo o repertório vocal do chamado cão-da-pradaria-de-cauda-curta (Cynomys gunnisoni)Com um único latido, diz o cientista, o animal pode alertar sobre o tipo e a direção de um predador oculto e até descrever a cor.
Cientistas contestaram a ideia, pois significaria que, só com um latido breve, os cães-da-pradaria transmitem informações sobre tamanho, cor, direção e velocidade do deslocamento de um predador
Se a descoberta for confirmada, isso significa que estes roedores comunicam-se de uma maneira mais complexa até do que macacos e golfinhos.
Segundo Slobodchikoff, um único latido, por exemplo, poderia significar: 'coiote magro ao longe, movendo-se rapidamente em direção à colônia'
Slobodchikoff dá detalhes das experiências que fez para revelar a estrutura oculta da linguagem do animal em um documentário exibido pela BBC.
O cão-da-pradaria-de-cauda-curta pertence à família dos esquilos e vive no norte dos Estados de Arizona, Novo México e sul do Colorado.
No passado, havia uma população de bilhões deles. Mas, considerados por fazendeiros uma praga, seu número diminuiu acentuadamente.
Os animais remanescentes vivem em colônias de centenas de indivíduos e cavam uma complexa rede de tocas subterrâneas.
Quando um predador se aproxima, os pequenos roedores emitem uma série de ruídos.
Durante 30 anos, Slobodchikoff e seus colegas gravaram esses sons.
Para analisá-los, os cientistas realizaram várias experiências, apresentando modelos diferentes de predadores e gravando a resposta diante de coiotes, falcões e texugos.
'Palavras diferentes'
Os pesquisadores descobriram que os cães-da-pradaria enfrentam tantos predadores que desenvolveram "palavras" diferentes para qualificá-los.
São latidos e sons que contêm números diferentes de vocalizações rítmicas e modulações de frequência.
Os cães-da-pradaria têm qualidades tonais diferentes, assim como vozes humanas, mas diferentes roedores usam as mesmas "palavras" para descrever os mesmos predadores, permitindo que o alarme seja entendido pelo resto da colônia.
Um único latido, por exemplo, poderia significar: "coiote magro ao longe, movendo-se rapidamente em direção à colônia".
Outros cientistas contestaram a ideia pois significaria que, apenas com um latido breve, os cães-da-pradaria transmitem informações sobre tamanho, cor, direção e velocidade do deslocamento de um predador.
A equipe de Slobodchikoff acredita que os cães-da-pradaria incluem essa informação ao variar a modulação do chamado e a harmonia do latido.
Ao fazer isso, podem incluir uma vasta quandidade de informações em um som muito breve.
"Cães-da-pradaria têm a linguagem natural mais complexa decodificada até agora. Eles têm palavras para diferentes predadores, eles têm palavras para descrever as características individuais de predadores diferentes, por isso é uma língua muito complexa, que tem muitos elementos", dissse Slobodchikoff.
No documentário, os cientistas registraram o primeiro chamado dos cães-da-pradaria "para alertar sobre texugos".
É sutil, mas sempre diferente de todas as outras chamadas.
Quando o alarme é reproduzido para uma colônia de roedores, eles reagem de forma diferente em relação a quando o aviso é sobre coiotes.
Coiotes caçam de surpresa, então os roedores respondem fugindo instantaneamente. Texugos tentam cavar tocas e, quando os cães-da-pradaria são avisados sobre um texugo, ficam vigilantes.
Slobodchikoff acredita que os cães-da-pradaria podem ter evoluído esta linguagem complexa porque vivem em uma sociedade complexa alojada em um sistema de tocas complexo.
Eles vivem em "cidades" bem organizadas com centenas de indivíduos e também têm que competir com posseiros, como coelhos, cobras, tarântulas, corujas, texugos e raposas que, muitas vezes, entram em suas tocas. Imprimir artigoSalvar como PDF
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